domingo, 12 de julho de 2009

Intervenção na Cerimónia de Comemoração do Dia da Cidade

O significado da celebração deste 8º aniversário do Dia da Cidade, faz-nos recuar no tempo, 862 anos, quanto a História nos permite, recordando a génese deste território, os protagonistas construtores do ideal que hoje usufruimos gratuitamente, a vontade política, social e cultural que hergueu o que é causa do nosso orgulho e identidade, alguns marcos do património local. E, repensemos as exigências de uma cidade.

O povoamento do território de Agualva-Cacém remonta à conquista Cristã de Lisboa e Sintra aos Mouros, em 1147, por D. Afonso Henriques.

No séc. XII, este territorio já era habitado e era designado pelos topónimos de ( “Aqua Alba”) Agualva, e (Quasim) Cacém.

A Ribeira das Jardas ou de Agua Alva, sempre foi o limite geográfico que separava pela margem esquerda, as localidades de Agualva e Belas; e pela margem direita, as localidades do Cacém, S. Marcos e Rio de Mouro.

Ao homenagearmos a cidade de Agualva-Cacém, implicitamente não podemos deixar de recordar nomes e marcos históricos que justificaram a elevação à Vila, e ùltimamente, à cidade.

Estamos a falar de:

1- D. Domingos Jardo que nasceu na Quinta dos Loios, junto à Ribeira das Jardas, e que foi Bispo de Lisboa e Chanceler-Mor de D. Dinis.

2- Matias Aires, (séc XVIII), Morgado de Agualva, escritor e filósofo que, por volta de 1763 viveu e veio a morrer na Quinta da Fidalga, antiga Quinta de Nª Srª do Monte do Carmo, fundada em 1725 por José Ramos da Silva, provedor da Casa da Moeda e pai do escritor (Matias Aires).

3- Joaquim Ribeiro de Carvalho, (1880-1942), ilustre republicano que viveu na Quinta de Bela Vista.

Tambem homenageamos os valiosos marcos do Património Histórico Cultural de Agualva-Cacém:

4- Templos quinhentistas de S. Marcos e de Nª Srª da Conceição

5- Anta de Agualva.

6- Sítio Arqueológico de Colaride ou Estação Romana de Colaride.


A Freguesia de Agualva-Cacém foi criada pelo Decreto-Lei nº 39210 de 15 de Maio de 1953. Trinta e dois anos depois, em 25 de Setembro de 1985 foi elevada à Vila, pela Lei nº 66 / 85.

Em 2001, quando Agualva-Cacém atingiu a população de 81.845 habitantes, com uma densidade populacional de 7.789,6 habitantes / Km2, era absolutamente impossível de dar resposta administrativa, social e cultural, agravada pela degradação ambiental e arquitectónica, degradação de mobilidade interna e do IC 19, deficiente equipamento urbano, deficiente equipamento social, cultural e lúdico. A agenda urgente da então Junta de Freguesia presidida por Sebastião Antunes e pelo Presidente da Assembleia de Freguesia Dr. Domingos Linhares Quintas em total concenso com as 3 forças políticas (PS, PSD e CDU), passou à Divisão administrativa em 4 Freguesias: Agualva, Cacém, S. Marcos e Mira Sintra.

Os protagonistas da acção política da divisão administrativa, não descansaram enquanto não viram vencida a batalha da elevação à cidade da Vila de Agualva-Cacém.

Sem demora, a Assembleia da República, a 12 de Julho de 2001 proclamou a Vila de Agualva-Cacém a tão esperada elevação à categoria de cidade, passando a ser, depois da cidade de Queluz, a segunda cidade do Concelho de Sintra, a 4ª maior cidade da Área Metropolitana de Lisboa e a 10ª cidade maior de Portugal.

A feliz realidade de elevação à cidade, implícita e politicamente, criou a espectativa de espírito de unidade e homogeneidade técnico-prática, que um dia resultaria numa associação das 4 Freguesias da cidade de Agualva-Cacém, com espírito de colaboração, reciprocidade na diversidade ideológica ou político-partidária.

Paradoxalmente, até hoje, as Freguesias apenas se dividiram em 4, continuam a aguardar o verdadeiro espírito de cidade que implica a desejada união na diversidade.

Hoje, as Freguesias de Agualva, Cacém, S. Marcos e Mira Sintra formam uma cidade una e indivisível, a cidade de Agualva-Cacém, com a espectativa do desenvolvimento sustentável, na luta contra a terrível cultura da degradação habiental e social.

O que esperamos desta cidade?

- Esperamos um dia viver numa cidade de Agualva-Cacém com equipamento social (centros de saúde e hospital) a responder às necessidades das crianças, das grávidas, dos idosos e dos doentes em geral.

- Esperamos desta cidade um cemitério, como espaço religioso e sagrado, em condições ao nível que merecem os nossos entes que nos deixaram.

- Esperamos usufruir de uma estação ferroviária moderna e funcional, passeios e ruas em estado aceitável, iluminação controlada e vigilante, desenvolvimento económico e comercial sustentável.

- Esperamos viver em segurança eficaz, fluidez de mobilidade, estacionamentos ordenados.

- Esperamos um dia, nesta cidade, como acontece em qualquer cidade, ver a população jovem atraída por aquilo que ainda não há: bibliotecas, cinemas, teatros, museus, espaços de exposições de arte, espaços desportivos, escolas superiores.

- Finalmente, esperamos ver na cidade de Agualva-Cacém, o novo rosto da cidade: a conclusão ou a plena realidade do sonho da população de Agualva-Cacém: o Programa “Cacém Polis”, e nesse dia, cada um de nós poderá perceber que a cidade é um grande espaço de todos e de cada um de nós, a quem compete desenvolver, conservar e respeitar.

A cidade é muito exigente e implica capacidade e vigilância do poder local e civismo colectivo de toda a população, todos os dias e sempre.

O que é uma cidade?

A cidade é um espaço urbano aberto a todas as etnicidades da multiculturalidade, por natureza densamente populacional. Aos habitantes da cidade exige-se a capacidade da convivência democrática radicalmente social, baseada na reciprocidade e na busca do bem comum de todos que nela habitam, venham donde vierem.

A cidade é, espaço singular e diferenciado, ao mesmo tempo, uma realidade social e política, assente em relações pessoais, comerciais, culturais e institucionais de proximidade, densas e intensas, às vezes de difícil controlo, como podem confirmar as forças de segurança pública.

Tão importante do que a identidade dos que vivem dentro da cidade, é o reconhecimento exterior, razão para os seus habitantes cultivarem o legítimo orgulho de identidade e cumplicidade cultural e social.

A centralidade e relevância de uma cidade não se mede, apenas, pela dimensão, mas também, pelo que oferece na cosmografia das cidades e pelo seu papel de estrutura de um território (“massa” e “conectividade”).

O futuro de Agualva-Cacém dependerá de sua capacidade de renovação permanente, da sua singularidade e criatividade. Agualva-Cacém deve aproveitar ao máximo, a multiculturalidade, porque ela é uma riqueza da humanidade do nosso tempo.

Uma cidade é um lugar que depende criticamente da pluralidade e proximidade no espaço da constelação de cidades, porque uma cidade que se concebe sòzinha, vai definhando até perder a sua razão de ser e de existir.

A proximidade da cidade de Agualva-Cacém com as vilas de Sintra, Cascais, Oeiras e outras grandes cidades, como Queluz, Amadora e Lisboa, deve ser a alma da sua ambição, do seu crescente espírito de desenvolvimento económico e social, tecendo uma rede, uma malha policêntrica de um rosto simbólico de conectividades fluidas das realidades de cada dia.

3 de Julho de 2009

Dr. Lívio de Morais, Presidente da Assembleia de Freguesia do Cacém

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